“Não pensei que o stand de óculos de sol fosse uma paragem tão importante no Plano de Amigas. Para muitas mulheres, os óculos são a forma de mostrar ao mundo o seu estilo, a sua elegância ou ousadia. Mas, para muitas outras, também pode ser um acessório perfeito para esconder as suas lágrimas, a sua raiva ou tristeza. Naquela tarde, uma mulher pediu-me que lhe desse “os óculos maiores e mais escuros que tinha para esconder a cara”. Fiquei paralisada por um momento. Era uma mulher lindíssima, mas os olhos dela estavam mergulhados numa dor devastadora. “Por que não experimenta estes óculos roxos com um design moderno e redondo?”, perguntei-lhe. Eram ousadas até para mim, mas aquela mulher precisava de cor e alegria por fora, para ter a força necessária para avançar por dentro. Ao ver o seu reflexo, a sua primeira reação foi assustar-se. Observou-se devagar, com cautela, e depois sedutora, e ao garantir que lhe ficavam perfeitos, vi-a esboçar um pequeno sorriso. “Há muito que não me sentia tão bonita”, disse-me. E abraçou-me agradecendo-me. “Mas eu não fiz nada”, pensei. Ao vê-la afastar-se, com os óculos entre as mãos como se fossem um tesouro, apercebi-me de que aquele objeto talvez fosse o seu amuleto para avançar e olhar com novos olhos a próxima fase da sua vida. Então, foi a minha vez de esboçar um sorriso.”